A China finalizou nesta terça-feira (23), com o lançamento de um satélite, uma etapa essencial para a criação de seu próprio sistema de navegação. O objetivo é se livrar da dependência tecnológica dos Estados Unidos, que monopolizam o setor com o seu GPS.
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O sistema de navegação foi batizado de Beidou em homenagem ao nome da constelação “Ursa Maior” em mandarim. Ele vai coabitar no espaço com o GPS, que pertence ao governo americano e é operado pelas Forças Aéreas dos Estados Unidos, o Galileo, criado pela União Europeia, e o russo Glonass.
O lançamento do foguete carregando o satélite de terceira geração Beidou-3 foi a 30ª e última etapa da operação chinesa. O aparelho foi enviado ao espaço pela manhã do centro de espacial de Xichang, no sudeste do país. O evento deveria ter ocorrido na semana passada, mais teve que ser adiado por causa de um “problema técnico”, que não foi revelado.
Como seus concorrentes, o dispositivo chinês terá múltiplas funções. Além de ajudar a guiar pedestres, automóveis, barcos e equipes de socorro em caso de catástrofes naturais, o Beidou servirá como um serviço de posicionamento para a indústria do minério, agricultura e também sistema estratégico, pois ele pode ser usado pelo exército dos países que o controlam para efetuar a localização e guiar misseis de alta precisão em caso de testes ou conflitos.
Pequim constrói o seu GSP desde a década de 1990
Não é de hoje que a China tenta lançar seu próprio sistema de navegação. O primeiro satélite visando criar um “GPS chinês” havia sido enviado ao espaço por Pequim em 2000 e desde a década de 1990 mais de 100 mil cientistas, engenheiros e técnicos participam do projeto.
Atualmente, a China já usa o Beidou para orientar seus taxis, ônibus, carros particulares e smartphones. Países como Paquistão, Tailândia, Laos ou ainda Brunei utilizam o sistema chinês como sua ferramenta oficial de navegação.
Beidou é mais preciso que o GPS?
Segundo dados oficiais divulgados nesta terça-feira, a margem de erro do sistema chinês no nível mundial é de apenas 10 metros na versão civil.
Segundo Carter Palmer, do escritório americano Forecast International, “não acredito que o Beidou poderá substituir o GPS. O que deve acontecer é que os utilizadores vão poder usar vários sistemas ao mesmo tempo para obter uma navegação via satélite mais precisa”, explica o especialista. Esse já é, aliás, o caso de muitos smartphones Android.
Ao desenvolver seu próprio projeto, Pequim se protege em caso de uma ruptura de sinal GPS decidida por Washington em um possível conflito entre as duas potências.